Alunos do Ensino Médio,apesar de termos tratado do assunto "figuras de linguagem"em sala de aula, o livro de Gramática não apresentou todas as figuras necessárias, assim, postei abaixo o assunto completo,então, desejo que copiem essa postagem em seus cadernos para apresentar à professora dia 11/06/2012 e estudem bastante para chamada oral em 18/06/2012, a nota da chamada oral auxiliará na composição de sua nota do 2ºbimestre letivo.
Obrigada,
Professora Cleide
Aula de Gramática 04/06/2012
FIGURAS DE LINGUAGEM
As figuras
de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando
a linguagem mais expressiva. É um recurso lingüístico para expressar
experiências comuns de formas diferentes, conferindo originalidade, emotividade
ou poeticidade ao discurso.
As
figuras revelam muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo
particularidades estilísticas do autor. A palavra empregada em sentido
figurado, não- denotativo, passa a pertencer a outro campo de significação,
mais amplo e criativo.
As figuras de linguagem classificam-se em:
a) figuras de palavra;
b) figuras de harmonia;
c) figuras de pensamento;
d) figuras de construção ou sintaxe.
FIGURAS DE PALAVRA
As
figuras de palavra são figuras de linguagem que consistem no emprego de um termo
com sentido diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se
conseguir um efeito mais expressivo na comunicação.
São
figuras de palavras:
a) comparação e)catacrese
b) metáfora f)sinestesia
c) metonímia g)antonomásia
d) sinédoque h)alegoria
Comparação: Ocorre comparação quando se
estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por
conectivos comparativos explícitos - feito, assim como, tal, como, tal qual,
tal como, qual, que nem - e alguns verbos - parecer, assemelhar-se e outros.
Exemplos: "Amou daquela vez como se fosse máquina.
Beijou sua mulher como se fosse lógico.
Metáfora:Ocorre metáfora quando um termo
substitui outro através de uma relação de semelhança resultante da
subjetividade de quem a cria. A metáfora também pode ser entendida como uma
comparação abreviada, em que o conectivo não está expresso, mas subentendido.
Exemplo: "Supondo o espírito humano uma
vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se
posso extrair pérolas,
que é a razão."
Metonímia: Ocorre metonímia quando há
substituição de uma palavra por outra, havendo entre ambas algum grau de
semelhança, relação, proximidade de sentido ou implicação mútua. Tal
substituição fundamenta-se numa relação objetiva, real, realizando-se de
inúmeros modos:
a causa pelo efeito
e vice-versa:
"E assim o operário ia
Com suor e com cimento
2
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento."
2 Com trabalho.
o lugar de origem
ou de produção pelo produto:
Comprei uma garrafa do legítimo porto 3.
3O vinho da cidade do Porto.
o autor pela obra:
Ela parecia ler Jorge Amado 4.
4 A obra de Jorge Amado.
o abstrato pelo
concreto e vice-versa:
Não devemos contar com o seu coração 5.
5 Sentimento, sensibilidade.
Sinédoque: Ocorre sinédoque quando há
substituição de um termo por outro, havendo ampliação ou redução do sentido
usual da palavra numa relação quantitativa. Encontramos sinédoque nos seguintes
casos:
o todo pela parte e
vice-versa:
"A cidade inteira
1 viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro sumir de ladrão,
fugindo nos cascos 2
de seu cavalo."
1O povo. 2Parte das patas.
o singular pelo
plural e vice-versa:
O
paulista 3 é tímido; o carioca 4,
atrevido.
3 Todos os paulistas. 4 Todos os cariocas.
o indivíduo pela
espécie (nome próprio pelo nome comum):
Para os artistas ele foi um mecenas 5.
5 Protetor.
Modernamente,
a metonímia engloba a sinédoque.
Catacrese:A catacrese é um tipo de especial
de metáfora, "é uma espécie de metáfora desgastada, em que já não se sente
nenhum vestígio de inovação, de criação individual e pitoresca. É a metáfora
tornada hábito lingüístico, já fora do âmbito estilístico." (Othon M.
Garcia)
Exemplos: folhas de livro, pele de tomate, dente de alho, montar em burro, céu da boca, cabeça de
prego, mão de direção, ventre da terra, asa da
xícara, sacar dinheiro no banco.
Sinestesia: A sinestesia consiste na fusão
de sensações diferentes numa mesma expressão. Essas sensações podem ser físicas
(gustação, audição, visão, olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas).
Exemplo: "A minha primeira
recordação é um muro velho, no quintal de uma casa indefinível. Tinha várias
feridas no reboco e veludo de musgo. Milagrosa aquela mancha verde [sensação visual] e úmida, macia [sensações táteis], quase
irreal." (Augusto Meyer)
Antonomásia: Ocorre antonomásia quando
designamos uma pessoa por uma qualidade, característica ou fato que a
distingue.
Na
linguagem coloquial, antonomásia é o mesmo que apelido, alcunha ou cognome,
cuja origem é um aposto (descritivo, especificativo etc.) do nome próprio.
Exemplos:
"E ao rabi simples1, que a igualdade prega,
Rasga e enlameia a túnica inconsútil;
1 Cristo
Pelé (=
Edson Arantes do Nascimento)
O poeta dos escravos (= Castro Alves)
O Dante Negro (= Cruz e Souza)
O Corso (= Napoleão)
Alegoria:
A
alegoria é uma acumulação de metáforas referindo-se ao mesmo objeto; é uma
figura poética que consiste em expressar uma situação global por meio de outra
que a evoque e intensifique o seu significado. Na alegoria, todas as palavras
estão transladadas para um plano que não lhes é comum e oferecem dois sentidos
completos e perfeitos - um referencial e outro metafórico.
Exemplo: "A vida é uma ópera, é uma
grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo e
dos comprimários, quando não são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor,
em presença do mesmo baixo e dos mesmos comprimários. Há coros numerosos,
muitos bailados, e a orquestra é excelente... (Machado de Assis)
FIGURAS
DE HARMONIA
Chamam-se
figuras de som ou de harmonia os efeitos produzidos na linguagem quando há
repetição de sons ou, ainda, quando se procura "imitar"sons
produzidos por coisas ou seres.
As
figuras de linguagem de harmonia ou de som são:
a) aliteração c) assonância
b) paronomásia d) onomatopéia
Aliteração:
Ocorre
aliteração quando há repetição da mesma consoante ou de consoantes similares,
geralmente em posição inicial da palavra.
Exemplo: "Toda gente homenageia Januária na janela."
Assonância: Ocorre assonância quando há
repetição da mesma vogal ao longo de um verso ou poema.
Exemplo: "Sou Ana, da cama
da cana, fulana, bacana
Sou Ana de Amsterdam."
Paronomásia
:Ocorre
paronomásia quando há reprodução de sons semelhantes em palavras de
significados diferentes.
Exemplo: "Berro pelo aterro pelo
desterro
berro por seu berro
pelo seu erro
quero que você ganhe que você me apanhe
sou o seu bezerro gritando mamãe."
Onomatopéia: Ocorre quando uma palavra ou
conjunto de palavras imita um ruído ou som.
Exemplo: "O silêncio fresco
despenca das árvores.
Veio de longe, das planícies altas,
Dos cerrados onde o guaxe passe rápido...
Vvvvvvvv... passou."
FIGURAS
DE PENSAMENTO
As
figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem ao significado
das palavras, ao seu aspecto semântico.
São
figuras de linguaem de pensamento:
a) antítese d) apóstrofe g) paradoxo
b) eufemismo e) gradação h) hipérbole
c)ironia f)prosopopéia i) perífrase
Antítese:
Ocorre
antítese quando há aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos.
Exemplo: "Amigos ou inimigos estão,
amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem mal,
e fazem-nos bem. Outros
nos almejam o bem, e nos trazem o mal." (Rui
Barbosa)
Apóstrofe:
Ocorre apóstrofe
quando há invocação de uma pessoa ou algo, real ou imaginário, que pode estar
presente ou ausente. Corresponde ao vocativo na análise sintática e é utilizada
para dar ênfase à expressão.
Exemplo: "Deus!
ó Deus! onde estás, que não respondes?" (Castro
Alves)
Paradoxo:
Ocorre
paradoxo não apenas na aproximação de palavras de sentido oposto, mas também na
de idéias que se contradizem referindo-se ao mesmo termo. É uma verdade
enunciada com aparência de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é outra designação
para paradoxo.
Exemplo: "Amor é fogo que arde sem se
ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;" (Camões)
Eufemismo:
Ocorre
eufemismo quando uma palavra ou expressão é empregada para atenuar uma verdade
tida como penosa, desagradável ou chocante.
Exemplo: "E pela paz derradeira1
que enfim vai nos redimir Deus lhe pague" (Chico Buarque)
1 paz derradeira: morte
Gradação: Ocorre gradação quando há uma
seqüência de palavras que intensificam uma mesma idéia.
Exemplo: "Aqui... além... mais longe por onde eu movo o passo." (Castro Alves)
Hipérbole:
Ocorre
hipérbole quando há exagero de uma idéia, a fim de proporcionar uma imagem
emocionante e de impacto.
Exemplo: "Rios
te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo Bilac)
Ironia:
Ocorre
ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos,
sugere-se o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir. A
intenção é depreciativa ou sarcástica.
Exemplo: "Moça linda, bem tratada,
três séculos de família,
burra como uma porta:
um amor." (Mário de Andrade)
Prosopopéia:
Ocorre
prosopopéia (ou animização ou personificação) quando se atribui movimento,
ação, fala, sentimento, enfim, caracteres próprios de seres animados a seres
inanimados ou imaginários.
Também a
atribuição de características humanas a seres animados constitui prosopopéia o
que é comum nas fábulas e nos apólogos, como este exemplo de Mário de Quintana:
"O peixinho (...) silencioso e levemente melancólico..."
Exemplos: "... os rios vão carregando as
queixas do caminho." (Raul Bopp)
Um frio inteligente (...) percorria o jardim..."
(Clarice Lispector)
Perífrase:
Ocorre
perífrase quando se cria um torneio de palavras para expressar algum objeto,
acidente geográfico ou situação que não se quer nomear.
Exemplo: "Cidade
maravilhosa
Cheia de encantos mil
Cidade maravilhosa
Coração do meu Brasil." (André Filho)
FIGURAS
DE SINTAXE
As
figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a desvios em relação à
concordância entre os termos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou
omissões.
Elas
podem ser construídas por:
a) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
b) repetição: anáfora, pleonasmo e
polissíndeto;
c) inversão: anástrofe, hipérbato,
sínquise e hipálage;
d) ruptura: anacoluto;
e) concordância ideológica: silepse.
Portanto,
são figuras de linguagem de construção ou sintaxe:
a) assíndeto
e) elipse i) zeugma
b)anáfora f)pleonasmo j) polissíndeto
c)anástrofe g) hiperbato l) sínquise
d)hipálage h) anacoluto m) silepse
Assíndeto:
Ocorre
assíndeto quando orações ou palavras deveriam vir ligadas por conjunções
coordenativas, aparecem justapostas ou separadas por vírgulas.
Exigem do
leitor atenção maior no exame de cada fato, por exigência das pausas rítmicas
(vírgulas).
Exemplo: "Não nos movemos, as mãos
é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se,
fundindo-se." (Machado de Assis)
Elipse: Ocorre elipse quando omitimos um
termo ou oração que facilmente podemos identificar ou subentender no contexto.
Pode ocorrer na supressão de pronomes,
conjunções, preposições ou verbos. É um poderoso recurso de concisão e
dinamismo.
Exemplo: "Veio sem pinturas, em
vestido leve, sandálias coloridas."
1 Elipse do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de
sandálias...)
Zeugma:
Ocorre
zeugma quando um termo já expresso na frase é suprimido, ficando subentendida
sua repetição.
Exemplo: "Foi saqueada a vida, e
assassinados os partidários dos Felipes." 1
1 Zeugma do verbo: "e foram assassinados..."
Anáfora:
Ocorre
anáfora quando há repetição intencional de palavras no início de um período,
frase ou verso.
Exemplo: "Depois o areal extenso...
Depois o
oceano de pó...
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só..." (Castro Alves)
Pleonasmo:
Ocorre
pleonasmo quando há repetição da mesma idéia, isto é, redundância de
significado.
a) Pleonasmo
literário: É o uso
de palavras redundantes para reforçar uma idéia, tanto do ponto de vista
semântico quanto do ponto de vista sintático. Usado como um recurso
estilístico, enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem.
Exemplo: "Iam vinte anos desde
aquele dia
Quando com os olhos eu quis ver de perto
Quando em visão com os da saudade via." (Alberto de Oliveira)
"Ó mar salgado,
quando do teu sal
São lágrimas de Portugal" (Fernando Pessoa)
b) Pleonasmo vicioso:
É o
desdobramento de idéias que já estavam implícitas em palavras anteriormente
expressas. Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois não têm valor de
reforço de uma idéia, sendo apenas fruto do descobrimento do sentido real das
palavras.
Exemplos: subir para cima, entrar para
dentro, repetir de novo, ouvir com os ouvidos, hemorragia de sangue, monopólio
exclusivo, breve alocução, principal protagonista
Polissíndeto:
Ocorre
polissíndeto quando há repetição enfática de uma conjunção coordenativa mais
vezes do que exige a norma gramatical ( geralmente a conjunção e). É um recurso
que sugere movimentos ininterruptos ou vertiginosos.
Exemplo: "Vão chegando as
burguesinhas pobres,
e as criadas das burguesinhas ricas
e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza." (Manuel Bandeira)
Anástrofe:
Ocorre
anástrofe quando há uma simples inversão de palavras vizinhas (determinante /
determinado).
Exemplo: "Tão
leve estou 1 que nem
sombra tenho." (Mário Quintana)
1Estou tão leve...
Hipérbato:
Ocorre
hipérbato quando há uma inversão completa de membros da frase.
Exemplo: "Passeiam à tarde, as
belas na Avenida. " 1 (Carlos Drummond de Andrade)
1As belas passeiam na Avenida à tarde.
Anacoluto:
Ocorre
anacoluto quando há interrupção do plano sintático com que se inicia a frase,
alterando-lhe a seqüência lógica. A construção do período deixa um ou mais
termos - que não apresentam função sintática definida - desprendidos dos
demais, geralmente depois de uma pausa sensível.
Exemplo: "Essas
empregadas de hoje, não se pode confiar nelas." (Alcântara Machado)
Silepse:
Ocorre
silepse quando a concordância não é feita com as palavras, mas com a idéia a
elas associada.
a) Silepse de gênero:
Ocorre
quando há discordância entre os gêneros gramaticais (feminino ou masculino).
Exemplo: "Quando a gente é novo, gosta de
fazer bonito." (Guimarães Rosa)
b) Silepse de número: Ocorre quando há discordância
envolvendo o número gramatical (singular ou plural).
Exemplo: Corria gente
de todos lados, e gritavam."
(Mário Barreto)
c) Silepse de pessoa: Ocorre quando há discordância
entre o sujeito expresso e a pessoa verbal: o sujeito que fala ou escreve se
inclui no sujeito enunciado.
Exemplo: "Na noite seguinte estávamos reunidas algumas pessoas." (Machado de
Assis)
Autoria: Norberto Gonçalves