sexta-feira, 27 de julho de 2012

TRÊS TEXTOS DE LITERATURA PARA COLAR NO CADERNO EM 01/08/2012

Alunos do Ensino Médio, peço que tragam estes textos, que devem ser impressos e colados no seu caderno de literatura para o 1º dia de aula do 2º semestre, 01/08/2012

Ao todo são 03 textos importantes cujos títulos são:
O Gênero Narrativo
As Eras Literárias
A Estrutura Narrativa


                              AULA DE LITERATURA 01/08/2012



                                 O GÊNERO NARRATIVO

                                            

O CONTO:

Foi trazido para o Brasil pelos portugueses. Entre nós, o conto surge no início do Romantismo, mas só se consolida com Machado de Assis, no Realismo.

Narrativa  que possui uma única unidade de ação, tempo e espaço bem determinado, personagens, enredo e narrador e pode conter um toque de humor.Pauta-se também pelo diálogo.

Temos alguns tipos de contos, a saber: O conto moderno e o conto Clássico e o Conto Alegórico. 

 O CONTO CLÁSSICO:

O conto clássico é uma narrativa curta que contém uma só ação, tratada de maneira sumária e direta. Deve conter uma estória concentrada, breve e com desfecho surpreendente, o clímax. Explorando uma só célula dramática, o conto clássico possui unidade de ação, ou seja, seu enredo possui um só conflito. As personagens são delineadas com brevidade e concisão sendo logo postas em contato dinâmico com o evento narrado. A Cartomante de Machado de Assis é exemplo de conto clássico.

No conto clássico a unidade de ação desenvolve-se em um cenário  mais ou menos limitado para que a atenção do leitor  não se desvie da ação para o ambiente.

Na unidade de tempo, o narrador privilegia o tempo presente, como se os acontecimentos ocorressem no momento em que os apresenta, também utiliza-se da linearidade cronológica, todavia pode-se fazer breves recuos ao passado para explicar pormenores do presente.Possui feições , muitas vezes ligadas ao humor.

CONTO MODERNO:

Ou de atmosfera, é um enredo com início, meio e fim (anedótico ou não) em que se explore propriedades singulares de uma personagem posta em situação de grande significado existencial. Ex: A Missa do Galo de Machado de Assis.

Também podemos entender conto moderno com estas características:

É o reflexo da nova narrativa, substitui a estrutura clássica pela construção de um texto curto com o objetivo de conduzir o leitor para além do dito, para a descoberta do sentido do não dito. A ação se torna mais reduzida que no conto clássico, surgem monólogos, a exploração de um tempo interior, psicológico, a linguagem, muitas vezes, choca pela rudeza, desaparece a construção dramática tradicional que exigia um desenvolvimento um clímax e um desenlace, em contrapartida cobra do leitor que os aspectos constitutivos da narrativa possam ser encontradas e apreciadas. Exige uma leitura que descubra não só o que é contado, mas, a forma como o fato é contado e a forma como o texto se realiza.

CONTO ALEGÓRICO:

Aborda noções abstratas a partir de situações concretas. Empenha-se em explorar por meio de narrativa figurada uma convicção filosófica, um importante conceito cultural ou um preceito moral.Geralmente apresenta  situações absurdas como se fossem ocorrências normais. Ex: O Espelho  e A Terceira Margem do Rio de João Guimarães Rosa.

Em O Espelho investiga-se o problema do conhecimento humano por meio de relato científico( de um cientista louco) que busca sua essência  mediante  investigação minuciosa das camadas  de significado sobrepostas à imagem do rosto refletida no espelho. O conto assume a forma de complicado jogo de raciocínio ou lógica.

Em A Terceira Margem do Rio a investigação  metafísica da existência se concretiza com a viagem metafórica de um homem rumo à terceira margem das coisas, para além do mundo dualista do mundo ocidental, limitando os extremos inconciliáveis de vida e morte, terra e água, céu e inferno, corpo e espírito.

Assim, a narrativa alegórica aquela cujo tema extrapola limites do assunto podendo conter mais de uma interpretação.

Depois do Modernismo o conto assumiu extrema flexibilidade como as crônicas de Rubem Braga (1913- 1990) ou os mini contos de Dalton Trevisan (1920-)

O diálogo também faz parte e muito importante na vida do conto, pode inclusive apresentar boa parte da narrativa, essa é uma aproximação do conto com o teatro.

CONTISTAS FAMOSOS EM LÍNGUA PORTUGUESA

Machado de Assis, Aluízio de Azevedo, João Guimarães Rosa, Monteiro Lobato, Clarice Lispector, Dalton Trevisan, Otto Lara Resende, Lima Barreto, Ruth Rocha, Ligya Fagundes Telles, José J. Veiga, Ruben Fonseca.

                            GÊNERO NARRATIVO: NOVELA

 A novela fica a meio caminho do conto e do romance. Como o conto, a novela também explora uma única ação embora desenvolva um pouco mais a análise das personagens e tenha um ritmo mais vagaroso no enredo.Tudo converge para aquela única trama.Ex Recado do Morro de João Guimarães Rosa. A personagem Pedro Orósio, geralista, muito forte, deixa seus afazeres para acompanhar uma expedição científica pelo sertão mineiro. A narrativa concentra-se na viagem, tomando-a como fio condutor dos acontecimentos que se desenrolam na direção de um desfecho surpreendente. Os acidentes do caminho juntam-se ao fio unitário da viagem cujo término coincide com a surpresa do desfecho.

 Na tradição luso-brasileira temos Camilo Castelo Branco com a novela Amor de Perdição e O Alienista de Machado de Assis. Na moderna literatura Brasileira temos Corpo de Baile de João Guimarães Rosa com sete novelas, das quais uma delas é a que citamos a pouco Recado do Morro. Na Idade Média o gênero Novelas se manifestou nas novelas de cavalaria, são estórias de média duração, isso se deve à estrutura episódica. Ex de novela de cavalaria O Santo Graal, (séc. XIII) Amades de Gaula (séc. XIV).



                     GÊNERO NARRATIVO ROMANCE

   Longa narrativa em prosa, que coloca em cena personagens que encenam interesses ou ideias do mundo burguês.

A vida da personagem é quase sempre abordada na sua totalidade. Os assuntos mais frequentes do romance são: o amor e o choque com a sociedade.

Composto de vários personagens os quais podem se envolver em tramas separadas que  se unem no final, ou seja, o romance possui mais de um núcleo de ação,apresentando-se como estória multifacetada.Suas unidades dramáticas ligam-se por causa e feito ou seja, os acontecimentos finais no romance são apresentados como consequência de alteração do equilíbrio da situação inicial, alterados por desejos, intenções e propósitos dos personagens envolvidos. Os grandes romances possuem conexão com a vida política, ideológica, filosófica e social de um dado momento histórico. Ex: O Guarani de José de Alencar e Grande Sertão - Veredas de João Guimarães Rosa.

A partir do Realismo criou-se um romance voltado para a representação da realidade imediata, imitando a dinâmica de interesses, das crenças dos indivíduos, seus aspectos psicológicos. Um dos grandes romances do realismo europeu é Crime e Castigo de Fiodór Dostoievisk (1821- 1881).

O romance atual assume feições próprias a partir do século XVIII com autores franceses, ingleses e alemães a exemplo de Goeth com O Sofrimento do Jovem Werther (1774). No Brasil, o romance se define no século XIX com Teixeira e Souza, Joaquim Manoel de Macedo e José de Alencar.

TIPOS DE ROMANCE:

 ROMANCE DE AÇÃO

Esse tipo de romance baseia-se na aventura, a trama é complexa, com inúmeras derivações, surpresas e sucessões vertiginosas, de ocorrências mirabolantes e não da análise psicológica ou da crítica social. Nesse tipo de romance predomina personagens com mais presença física do que espiritual. Ex: O Guarani de José de Alencar

 ROMANCE HISTÓRICO:

Este tipo de romance parte da estrutura do romance de ação, já que costuma tomar um período da história nacional como pretexto para a exibição de guerras e aventuras Ex: Euríco o Presbítero, de Alexandre Herculano.

O Guarani é romance indianista, de ação e também histórico focalizando o século XVIII no Brasil com os primeiros desbravamentos de nossas florestas.

ROMANCE DRAMÁTICO:

É aquele voltado para a análise psicológica dos indivíduos Ex: Dom Casmurro de Machado de Assis e São Bernardo e Angústia de Graciliano Ramos.

Nesses romances trabalha-se a evolução de um problema  individual que pode ser por conta do temperamento das personagens ou por condições sócio culturais. Uma das formas consagradas do romance dramático é a confissão ou autobiografia, chamada também de romance psicológico.

O romance para ser dramático precisa:

A ação decorrer do caráter dos personagens, as propriedades naturais da personagem determinam a ação, assim como a ação pode modificar a maneira de ser da personagem.

Os protagonistas devem apresentar uma crise de moral associada ao desenvolvimento do caráter.

O enredo não pode ser espetacular como no romance de ação, mas ajustados a situações possíveis da vida prática. No romance dramático tudo é personagem, não há moldura externa. Ex: A Hora da Estrela e Perto do Coração Selvagem de Clarice Lispector.

ROMANCE PICARESCO:

Caracteriza-se pela ação episódica parcelada em diversas células dramáticas que justapõem em contínua sucessividade de pequenas estórias. Cada uma das estórias envolve diferentes personagens ma o herói está sempre no centro delas, é ele que determina a unidade do romance.

O estilo do romance picaresco é de descontração e humor. Picaresco vem da palavra pícaro (personagem marginal) amigo de aventuras, vive ao acaso.Suas aventuras envolvem camadas sociais populares. Ex: Memórias de um Sargento de Milícias de Manoel Antônio de Almeida com capítulos episódicos unitários, cujo conjunto reconstitui a vida de Leonardo Pataca e seu filho Leonardo em meio às camadas mais baixas do Rio de Janeiro no tempo de D João VI. Apresentam-se os apuros apertos e diabruras dos dois Leonardo.

Neste mesmo segmento temos no século XX Macunaíma de Mário de Andrade e  O Grande Mentecápto, de Fernando Sabino(1923-).Na literatura europeia temos Lazarillo de Tormes (1553) de Diego Hurtado de Mendonza (1503-1575).Dom Quixote também possui algumas propriedades picarescas.

ROMANCE DE FORMAÇÃO

O assunto típico do romance de formação é o amadurecimento do protagonista cuja estória demonstra as dificuldades morais e espirituais inerentes à formação do seu caráter. Ex: O Ateneu de Raul Pompéia e Campo Geral de João Guimarães Rosa



ROMANCE POÉTICO

Como construção artística, o romance poético é aquele cujo texto não apresenta versos, mas apresentam  procedimentos estilísticos de poemas  dando muita importância para a conotação, insinuações de sentido simbólico, sinestesia, etc. Ex: Iracema de José de Alencar, e Grande Sertão Veredas de João Guimarães Rosa, considerado o maior texto em prosa poética.

ROMANCE AUTO REFLEXIVO

Caracteriza-se por incorporar em seu universo ficcional o gesto de redigir o próprio texto que apresenta.A referência ao ato de escrever chama-se metalinguagem, porque em vez de se referir à vida, o autor refere-se à própria linguagem.A metalinguagem tornou-se  um dos temas preferidos do romance.Há casos que esse aspecto ganha muita importância ocupando capítulos inteiros. Ex: Dom Casmurro, São Bernardo e o mais radical romance metalinguístico A Hora da Estrela. 


                                     SEGUNDO TEXTO

                           AULA DE LITERATURA 01/08/2012
                            AS ERAS LITERÁRIAS (3º BIMESTRE)
Podemos agrupar as escolas literárias em Eras, essas Eras reliterárias relacionam-se com as idades históricas, temos então: Era Medieval, Era Clássica e Era Moderna, Veja:
Era Medieval compreende as seguintes escolas: Trovadorismo e Humanismo.
Era Clássica: Classicismo, Barroco, e Neo- Classicismo ou Arcadismo
Era Moderna: Romantismo, Realismo/ Naturalismo (Parnasianismo), Simbolismo e Modernismo.
A Literatura Brasileira se constitui na Era Clássica ( Colonial) iniciando-se no Barroco e no Neoclassicismo.
Escolas Literárias: Cada poeta ou prosador digno de estudo tem sua marca própria que o distingue dos demais, é o sue estilo pessoal, mas todo artista vive numa determinada época e sua obra reflete o espírito de seu tempo, da sua sociedade. Isso faz com que artistas de uma mesma sociedade e época representem em seus trabalhos características comuns, essas semelhanças constituem o estilo de época ou escolas literárias.
Cada Escola Literária constitui uma estética, uma maneira de entender e fazer arte, assim escola literária, estilo de época ou estética são sinônimos Ex: Escola Romântica ou estética romântica, ou ainda estilo romântico.                                      
TRADIÇÕES:
As escolas literárias sucedem-se umas às outras numa relação de ruptura ou continuidade. Os elementos de ruptura estabelecem a diferença entre elas e os de continuidade a tradição. Assim, escolas de épocas diferentes podem apresentar semelhanças por influência da tradição.
Há duas grandes tradições ao longo da história: Tradição Clássica e Tradição Romântica.
A Tradição Clássica é chamada de apolínea porque as escolas afiliadas a ela identificam-se com as características do Deus Apolo (Grego)
-Equilíbrio e harmonia
-Regularidade e senso de proporção
-Simplicidade, clareza e concisão
-Objetividade e racionalismo
-Ideal ético e estético (Bem e Belo)
Pertencem a essa corrente as seguintes escolas literárias:   (Humanismo (algumas características),
  Classicismo
  Neoclassicismo
  Naturalismo/ Realismo
  Modernismo.
2)  A Tradição Romântica é chamada de barroca ou dionisíaca, porque as escolas ligadas a elas identificam-se com o Deus Dionísio; suas  características são:
            - Desequilíbrio e sinuosidade
            - Desregramento e contorcionismo de formas
           - Complexidade, obscuridade e hermetismo
           - Subjetividade e sentimentalismo
           - Irracionalidade e misticismo
As escolas que pertencem a essa família artística são:
              Trovadorismo
              Humanismo ( algumas características)
              Barroco
              Romantismo
              Simbolismo
              Modernismo (algumas tendências)
Fique claro que:
A inserção de escolas literárias em uma das tradições (clássica ou romântica) e a atribuição de características de uma ou de outra é muito esquemático, serve para fins didáticos, para facilitar o estudo dos alunos. Sabendo características da tradição clássica ou da romântica, o estudante passa a saber, em linhas gerais quais são as características de todas as escolas pertencentes àquela tradição.
É bom que se esclareça que nenhuma escola se identifica integralmente com a tradição, só em linhas gerais é possível admitir essa identidade.
Manifestações de uma escola apolínea podem conter elementos da dionisíaca e vice-versa.
Geralmente uma escola apolínea é sucedida por uma dionisíaca, numa alternância antagônica, mas nem isso é claro nem  sempre acontece.Ex: As manifestações artísticas do Humanismo são classificadas de apolíneas em virtude do racionalismo que ela contem, apesar de muitas de suas obras apresentarem a vocação dionisíaca. Ex: A Divina Comédia de Dante Alighieri (1265-1321), Decameron de Giovanni Boccagio (1313-1375), As Farsas de Gil Vicente. Assim, o Classicismo que surge do Humanismo não se opõe a ele, antes lhe dá continuidade, desenvolvendo valores anti medievais.
A tradição apolínea é também chamada de clássica porque as escolas dessa tendência seguem um padrão estilístico básico, estabelecido pela arte Grega dos séc.IV e V a. C. chamada clássica porque se tornou a base da educação dos jovens da antiguidade.
A tradição dionisíaca é chamada de romântica por conta do enorme impacto do romantismo na cultura que chegou a forjar o perfil da civilização ocidental contemporânea. Foi ele que insurgiu mais radicalmente contra a tradição clássica tornado claro o caráter divergente de movimentos apolíneos. Ex: Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) é um ensaio sobre nossa formação histórica, Os Sertões de Euclides da Cunha, é um ensaio artístico no qual se fundem elementos da ling. ficcional com a ling. científica.
                  
                                                   TERCEIRO TEXTO                   AULA DE LITERATURA 3º BIMESTRE  01/08/2012

                                 A ESTRUTURA NARRATIVA


 A ESTRUTURA NARRATIVA                          

A estrutura de uma obra de arte literária entende-se a correlação interna entre seus elementos. Em termos gerais, integram a estrutura de uma narrativa: o enredo, personagens, tempo e espaço, narrador.

Perceber o contraste de cenas e situações, o enredo voltado para o suspense ou o clímax, o simbolismo de certas passagens, as características de cada personagem e suas ações, tudo isso é importante reconhecer porque integra o conjunto dos elementos estruturais da obra que se lê.Assim, apreender a estrutura da narrativa é estabelecer uma relação entre seus elementos, é detectar, entender e interpretar o texto.

O ENREDO:

A estória deve ter começo, meio e fim bem estruturados. O enredo é o modo de dar forma aos acontecimentos, ele busca o sentido das coisas no mundo. A noção de enredo pressupõe a existência de personagens, elas vivem acontecimentos que formam a trama do romance.

Da mesma forma a ação das personagens exige um determinado tempo e espaço em que possa se desenvolver, assim, a ideia de enredo compõem-se de ação, personagens, tempo e espaço.

O enredo pressupõe uma situação inicial seguida de um incidente que altera a estabilidade e desencadeia uma mudança na vida das personagens, as quais passam a agir para restaurar a ordem inicial. O enredo também pode ser chamado de intriga ou trama.

NARRADOR:

O enredo é o que acontece com os personagens de uma narrativa  apresentada por um narrador.

O escritor é aquele que escreve, o narrador é aquele que conta, o primeiro nem sempre é acessível, já o segundo está à disposição.

Compreender o perfil do narrador e seu modo de expressão é muito importante para a compreensão da estória, por isso o leitor deve estar atento ao discurso do narrador.

Chamamos ponto de vista ou foco narrativo a perspectiva a qual o narrador conta a estória. Trata-se de um lugar hipotético, de onde ele vê as coisas que fala. Este lugar pode dar ao narrador uma visão externa ou interna, total ou parcial das ações e das personagens da estória, assim temos:

a)     Narrador em 1ª pessoa (narrador protagonista) quando a estória é contada por alguém que participou ou participa da trama.

Este narrador costuma apresentar uma visão parcial dos acontecimentos, já que não tem acesso ao que se passava em outro lugar quando vivia determinado incidente. Ex: Dom Casmurro, São Bernardo e O Ateneu, esse narrador pode falar de si e privilegiar a vida de outrem EX; A Cidade e as  Serras de Eça de Queiroz.

b)     Narrador em 3ª pessoa ou onisciente: quando a estória é contada por alguém que não participou mas que conhece a estória.

Sem falar de si o narrador em 3ª pessoa trata os personagens pelo nome, pode apresentar domínio total  ou parcial da estória. Quando sabe tudo sobre o que narra é chamado de onisciente. Conhecedor de tudo  o que acontece em todos os lugares da estória, apresenta os fatos como se os soubesse desde a sua origem reveleando detalhes e explicações.



NARRADOR NÃO CONFIÁVEL:

Aquele que narra a estória  por uma perspectiva favorável a seus interesses. A esse tipo de narrador chamamos de narrador não confiável. Ex: Dom Casmurro.

NARRADOR E FOCALIZADOR:

Não necessariamente quem narra é quem vê. Ex: Campo Geral de Guimarães Rosa, o narrador é um adulto onisciente que apresenta quase toda a estória pela perspectiva de uma criança míope.

Rosa inventa um narrador que focaliza a estória conforme o ponto de vista de Miguilim, que enxerga mal. Esse tipo de escolha provoca enorme diferença na narrativa.

Este tipo de foco narrativo chamamos também de multisseletivo Ex. também em Vidas Secas, quando o narrador alterna sua visão com a visão das personagens Fabiano, Sinhá Vitória, os meninos e a cachorra Baleia.



PERSONAGENS:



PLANAS:

 Há personagens que apresentam traços fixos e não sofrem alterações essenciais no decorrer da trama. Geralmente não são focalizadas do ponto de vista de sua intimidade psicológica, mas em suas ações exteriores, por isso são chamadas de personagens planas.

Normalmente as personagens planas ou tipos são caracterizados de modo a não pairar dúvida sobre seu caráter e intenções. O narrador possui completo domínio desta personagem, ou seja, ela não representa nenhum mistério.

ESFÉRICAS:

Personagens que se constroem a partir de dentro, revelando novas e surpreendentes faces no processo de aperfeiçoamento ou degradação do caráter.

Por meio delas o escritor constrói um indivíduo e não um estereótipos  (resultado de traços coletivos).Normalmente retrata-se  o aspecto psicológico ou moral destas personagens, em crise existencial .Assim, as ações exteriores dão lugar à vida interior Ex: Capitu de Dom Casmurro ou Ema Bovary em Madame Bovary de Gustave Flaubert (1857).

ESPAÇO E TEMPO

Cenário ou espaço é o ambiente em que se desenvolve a ação Ex: o espaço de Fogo Morto de José Lins do Rego  são os engenhos da Paraíba  no final do século XIX início do XX,em Quincas Borba de Machado de Assis é o Rio de Janeiro  no Segundo Reinado.

Assim, a ideia de cenário está atrelado à ideia de tempo, com a época em que se desenvolve a ação. Há casos que o cenário integra o sentido principal da narrativa Ex: O Cortiço de Aluizio de Azevedo, nesta obra o cenário se confunde com as personagens.

Nos romances regionalistas, a paisagem exerce verdadeira força sobre o homem (Vidas Secas, Fogo Morto), a seca, o latifundiário, integra a concepção social, psicológica e política do romancista. Outro exemplo são os romances indianistas, em que a natureza integra o universo mental das personagens e faz parte do sentido geral da estória.

O tempo é importante para a percepção do modo como o escritor organiza a narrativa. Ele pode começar a contar sua estória  Dio início, as vezes pelo meio e outras vezes pode começar pelo final, a exemplo de Memórias Póstumas de Brás Cubas. |Neste romance há uma inversão cronológica.

Há romances que optam pela linearidade cronológica, ou seja, os acontecimentos ocorrem em ordem progressiva. Ex: Crime e Castigo de Dostoievski.

Para apresentar informações sobre o passado das personagens lança-se mão do flashback (interrupção estratégica do fluxo cronológico da ação) com o propósito de apresentar as motivações psicológicas, sociais, familiares, da situação presente da narrativa principal.

Temos então, a dimensão cronológica e uma outra chamada psicológica:

O tempo psicológico, mostra a duração interior que é diferente (mais lento) do que o movimento do relógio. Exemplo Ulisses de James Joyce, embora seu tempo cronológico  se passe em 24 h, o livro possui mais de oitocentas páginas porque nele temos a captação da duração interior da personagem.

O romance de ação dá ênfase ao tempo cronológico, já o dramático ao psicológico. Obra brasileira que prima pelo tempo psicológico destaca-se Angústia de Graciliano Ramos.

MODOS DE REPRESENTAÇÃO DA INTIMIDADE:

Muitos escritores  do realismo fizeram uso da técnica do discurso indireto livre que possibilita captar a intimidade da personagem.O escritor fundindo personagem com narrador apropria-se do universo mental da personagem para expressar livremente suas ideias e pensamentos.

É uma maneira de dar dinamismo ao mundo interior da personagem Ex: Primo Basílio de Eça de Queiroz e Vidas Secas de Graciliano Ramos.



FLUXO DE CONSCIÊNCIA:

No século XX, com a técnica do discurso indireto livre, proporcionou-se a criação do fluxo de consciência ou monólogo interior. Através do fluxo de consciência, o romancista  procura imitar a sucessão de imagens, sensações, lembranças e pensamentos que não se traduzem  pela lógica aparente das palavras,mas que podem ser sugeridos. Por essa técnica, o narrador dá espaço à intimidade da personagem sem avisar que o faz>Todavia ela não fala, apenas monologa mentalmente, dando vazão às experiências interiores, de maneira livre e desconexa. Os grandes adeptos desta técnica são: James Joyce, Virginia Woolf e Clarice Lispector.



ASSUNTO E TEMA:

Ao ler um livro, o leitor deve ter o domínio da trama, o assunto, o sentido geral do texto.

O assunto é a matéria de uma obra de ficção e o tema é a interpretação do assunto. O assunto é mais objetivo que o tema. O assunto decorre da escolha do escritor, o tema da interpretação do  leitor. Ex: O assunto em São Bernardo é a ascensão e a decadência de um fazendeiro do sertão nordestino, o tema poderia ser a utilização do homem  como objeto do homem ou a ideia de que o progresso sem ética não funciona.                               









                                          

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